ALTITUDE: MAL AGUDO DAS MONTANHAS

Também conhecido como Mal da Altitude, Doença da Altitude e Soroche. Sofri um bocado quando visitei CUSCO* pela primeira vez e se você, assim como eu, também não se cuidar, provavelmente sentirá dor de cabeça, náuseas, vômitos, tonturas, perda de apetite ou até mesmo insônia. Podendo sentir nenhum, alguns ou todos eles. Isso depende de cada organismo e de como foi o preparo para estar nesse ambiente.

[POSTAGEM ORIGINAL EM 13 DE JUNHO DE 2016]
[ATUALIZADO EM 01 DE OUTUBRO DE 2023]

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*CUSCO é uma cidade dos Andes Peruanos, situada a 3.400 metros sobre nível médio do mar e é passagem obrigatória para quem segue rumo à Machu Picchu.

Por qual motivo a gente se sente mal na altitude?

A maioria de nós vive em baixa altitude onde o oxigênio é abundante e, quando respiramos, o volume de oxigênio presente no ar é mais do que o suficiente para suprir as necessidades de nosso organismo. Em outros termos, quanto mais oxigênio no ar, menos exigimos dos nossos pulmões para suprir todo o nosso organismo.

Quanto mais alto, menos oxigênio no ar!

E isso não seria problema se você chegasse à altitude como os montanhistas experientes fazem: eles levam dois dias para chegar aos primeiros 2.500 metros e, depois disso, mais um dia para cada 350 ou 700 metros adicionais. Dando tempo para o corpo se adaptar (se aclimatar).

Mas nós, turistas, chegamos às cidades mais altas em poucas horas. Nosso organismo é arrancado de um local com muita oxigenação e colocado em local mais rarefeito. Chegando lá, continuamos respirando da mesma forma que em nossas cidades de origem, enviando para nossos pulmões a mesma quantidade de ar, mas lá no alto, essa quantidade de ar possui muito menos oxigênio. Para o seu corpo, esse ar rarefeito num curto espaço de tempo é um trauma.

Em resumo: seu organismo não estará condicionado a funcionar nesse “racionamento” de oxigênio e precisará de um tempo para se adaptar. E nesse tempo, seu organismo poderá sofrer um pouco e deixará isso bem claro através de um ou mais sintomas.

Você pode e deve ajudar seu organismo tanto se preparando com antecedência, quanto tomando os cuidados quando chegar lá nas alturas.

CATEGORIAS DE ALTITUDES 

    Moderadas: entre 2.400 a 3.600 metros;
    Altas: entre 3.600 a 5.400 metros;
    Extremas: superior a 5.400 metros. 

AS PRIMEIRAS 24 HORAS

Suas primeiras horas em altitude requerem cuidado, não se esforce, não force a barra pois pode ser que você sinta só uma leve dor de cabeça, mas há o risco de sofrer um edema pulmonar ou cerebral, podendo levar, em última e extrema consequência, à óbito.

ATENÇÃO!
Se você tem alguma complicação respiratória, cardíaca, se já teve edemas, então antes de viajar para um local de altitude, vá ao médico, ele vai te passar os cuidados e os medicamentos necessários para que você fique bem e volte são!

🧘‍♂️ FIQUE TRANQUILO 🧘‍♂️

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Chegou a hora de te tranquilizar: O intuito dessa publicação aqui não é lhe assustar, mas te prevenir. Saiba que anualmente, centenas de milhares de pessoas, de todas as idades e em condições bem básicas de saúde, viajam para destinos em altitude e não morrem simplesmente por causa da altitude. Algumas pessoas vão sem qualquer cuidado, sem qualquer conhecimento e pouco são afetadas ou sequer percebem qualquer sintoma. Você pode ser uma dessas pessoas, mas ainda assim é importante seguir com os cuidados devidos para chegar bem, sentir poucos efeitos e aproveitar bastante a sua viagem que, muitas vezes, se trata da realização de um sonho e você não quer transformá-lo em pesadelo, certo?

🗻 SEJA MODERADO E CUIDADOSO NAS SUAS PRIMEIRAS 24 HORAS EM ALTITUDE 🗻

Assim que você chegar, é apropriado descansar bem, deitar-se com a cabeça elevada e praticar respiração (profunda) para reorganizar seu sistema respiratório. Depois estão liberados os passeios simples pela cidade, com caminhadas curtas, pausadas, sem esforços e tomando os seguintes cuidados:

  • Se perceber que vai ficar cansado, pare e descanse antes;
  • Ande com água mineral.
  • Beba água antes de sentir sede;
  • Não beba muita água de uma única vez. Beba aos poucos e em intervalos frequentes;
  • Não faça esforço físico;
  • Caminhe tranquilamente. Não tenha pressa, você está de férias;
  • Não fale e caminhe ao mesmo tempo;
  • Fale pouco e calmamente, observe sua respiração, é importante;
  • Abandone seu lado pinguço, álcool nessas primeiras horas, nem pensar;
  • Não fume;
  • Não coma em excesso, a digestão também consome energia;
  • Não coma alimentos gordurosos ou de difícil digestão;
  • Evite sal em excesso;
  • Sempre que lembrar, respire fundo;
  • Se bater uma dor de cabeça, pare, sente, relaxe e fique respirando profundamente, isso ajuda a destinar mais oxigênio para seu cérebro, aliviando a dor de cabeça.

PREVINA-SE, PREPARE-SE

Além das recomendações acima, você pode preparar-se com antecedência e amenizar muitos desses sintomas.

Eu recomendo muito que consulte um médico como pude fazer antes da minha segunda viagem. Fui clínico geral e, aproveitando que ele era peruano pedi orientação sobre uma forma de aliviar os sintomas, a receita passada foi a seguinte:

Acetazolamida, duas vezes ao dia, por dois dias, iniciando um dia antes da chegada ao ambiente de altitude. Repetindo o procedimento a cada mudança mais ao alto. Como o medicamento é  muito diurético e possui alguns efeitos colaterais, só pude tomar por dois dias. Não se automedicar, esse tratamento foi para o meu organismo na época daquela viagem!

Agora, se fosse preciso agir direto nos sintomas:
Dor de Cabeça: Ibuprofeno, Paracetamol, AAS – Não se automedicar!
Náuseas ou vômitos: Motilim, Plasil – Não se automedicar!

Antes da viagem é interessante praticar exercícios cardiovasculares, pois ajuda bastante (ajudar não é o mesmo que evitar, ok?)

ALERTA SÉRIO 1
Na altitude, não tomar medicamentos para dormir ou qualquer outro que cause diminuição da frequência respiratória. Em ambiente de ar rarefeito, eles podem levar a uma parada respiratória e as consequências são bem perigosas.
Se você é usuário desse tipo de droga, é primordial consultar seu médico antes de viajar!

ALERTA SÉRIO 2
Caso você ou outra pessoa estiver sentindo falta de ar persistente (mesmo após repouso), sem coordenação motora ou de fala, sentindo a visão embaçada, escurecida, esfumaçada, e/ou com muito cansaço, muito sono o tempo todo, ou mesmo alucinações, tosse com sangue ou expectoração espumosa, procure um hospital IMEDIATAMENTE. Pode ser necessário deslocar urgentemente essa pessoa para uma altitude abaixo de 2.500 msnm caso seja diagnosticado algum edema (cerebral e/ou pulmonar).


SOLUÇÕES LOCAIS

Chá de folha da coca

PERU E BOLÍVIA

CHÁ DA FOLHA DE COCA

Todas as hospedagens na região dos andes peruanos servem o chá à vontade e gratuitamente.

Não seja preconceituoso com a folha da coca, ela não dá nada e é nossa amiga na altitude. Possui efeito analgésico além de ser vaso dilatadora, ou seja, além de ajudar no alívio dos sintomas, ainda ajuda o corpo na oxigenação.  Então beba o chá e, se preferir, amasse as folhas para extrair bem o sumo. O sabor é um amargo e você pode querer colocar açúcar, mas é melhor não.

PERÚ

SOROJCHI PILLS

Drogarias peruanas vendem as pílulas Sorojchi Pills, um medicamento que previne e alivia todos os sintomas da altitude. Na minha primeira viagem eu comprei e tomai na metade do segundo dia e ajudou (Composição: Acido Acetilsalicílico 325 mg, Salófeno 160 mg, Cafeína 15mg)

Sorojchi Pills
OxiShot

PERÚ E BOLÍVIA

OXISHOT

São cilindros portáteis de oxigênio, eficazes tanto nos casos mais extremos, como depois de alguns exageros seus onde você possa sentir falta de ar. Como se trata de um envase a pressão você não poderá embarcar em avião com ele. Ou seja, compre e use no destino final.

Os hotéis e pousadas de melhor qualidade (não necessariamente os mais caros), além de algumas atrações, possuem cilindros de oxigênio tanto para emergência quanto para casos em que você possa estar realmente desconfortável.


Minhas experiências em altitude

PRIMEIRA VIAGEM não me preparei de forma alguma. Logo nas primeiras horas senti uma forte dor de cabeça e tinha sensação de cansaço sempre que tentava algum esforço a mais. A dor de cabeça passou depois de uma boa noite de sono e, quanto ao cansaço uns dois dias depois o corpo se acostumou, se aclimatou e então só tomei cuidado com os esforços. Como agravante viajei gripado e com a garganta inflamada. Tomei muito chá e comprei as pílulas de altitude (sorojchi pills).

SEGUNDA VIAGEM Me preparei e segui todos os conselhos para amenizar os sintomas (também já tinha a chamada memória fisiológica por já ter passado por isso antes). Resultado: Tudo muito tranquilo, só sentia cansaço se exagerasse nas caminhadas e nas subidas mais inclinadas. A partir dessa experiência passei a tomar as mesmas medidas e tem dado muito certo. Tanto que até Machu Picchu foi tranquilo e o cansaço que senti por lá foi em decorrência da falta de exercícios no meu dia a dia mesmo. Tive um evento de dor de cabeça e enjoo e náuseas em Puno, mas por descuido, simplesmente estava tão bem que ignorei e não me preparei para a subida de altitude de Cusco a Puno. Chegando lá me esbaldei em carne, caminhadas, cervejinhas e vinho quente.

A PARTIR DA TERCEIRA VIAGEM: Tranquilidade, tudo azul! Inclusive em duas novas viagens, foram em cada uma delas, colegas que nunca estiveram antes em altitude. E tomaram todos os cuidados e nada sofreram. Apenas o cansaço ou uma leve dor de cabeça e somente quando exageravam no esforço físico e somente nos primeiros dias.


VALE A PENA

Te apresentei os riscos do turismo em altitude pois, você precisa conhecê-los até para seguir sua viagem com tranquilidade e segurança. Muita gente viaja sequer conhecer os riscos e mesmo assim enfrentam os sintomas, superam e se divertem muito. Ah, quanto mais você viaja para altitude, melhor seu corpo responde (memória fisiológica) e mais você automatiza seus cuidados, aproveitando cada vez mais seus momentos nas alturas.

Foto: Plaza de Armas de Cusco,a 3.400 metros de altitude em relação ao nível médio do mar

1 comentário em “ALTITUDE: MAL AGUDO DAS MONTANHAS”

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