Um animal ‘gente boa’ é Lhama. Quando não vai com sua cara dá uma cusparada e pronto, problema resolvido. É um animal tão pop no mundo que tem gente que Peru primeira mente às Lhamas e somente depois cita lugares como Machu Picchu, Cusco, Incas e a própria Gastronomia! São tão legais que merecem um artigo só pra elas (e para a parentada toda também).
Você vai ao Peru e chegando lá descobre que talvez o animal que você sempre acreditou ser uma lhama, na verdade não é!
Para simplificar o tema para nós brazucas: Sabe o jegue, o burro e a mula? Ou o bode, a cabra, a ovelha e o carneiro? Pois então, no Peru tem as famosas Lhamas, mas também as Alpacas, Guanacos e as Vicunhas. E cada um tem suas diferenças. Vamos conhecer os bixinhos?
LHAMA ou LLAMA
É o maior e mais famoso camelídeo andino. Possui porte e andar elegante e foi domesticado num passado bem distante, pelos povos pré Incas. É criado para produção de lã, carne e couro, mas a lã não é das melhores qualidades e a carne não é tão macia.
Só que ele é um animal relativamente dócil e mais fácil de criar. Prova disso é que tem muita gente no mundo todo que cria como animal doméstico. Ah, mas é verdade que elas podem se irritar facilmente e demonstrar isso com uma cusparada no desafeto, que pode ser você! Então quando você for fazer uma selfie com uma Lhama, vá com calma e com carinho, sem movimentos bruscos, sem assustar o animal.
Tirando suas selfies com as Lhamas:
Você pode encontrar Lhamas enfeitadas para fotografias em alguns parques, ruínas e mesmo em mercados de artesanatos nos arredores de Cusco e por todo o Vale Sagrado. Geralmente (sempre) essas lhamas estarão acompanhadas de seus donos que geralmente também estarão caracterizados com as vestes tradicionais.
Saiba logo que a foto não sairá de graça, então antes de tirar suas selfies, sempre pergunte pelo preço, vale até negociar. Se você tirar a foto e somente depois perguntar o preço, terá uma grande chance de estar pagando pelo menos o dobro do que pagaria se tivesse negociado antes, já que agora o valor será estipulado pelo dono da Lhama pelo “serviço já prestado”. Inclusive alguns usam o truque de deixar o animal só e, quando o turista tira a foto, eles surgem do nada para cobrar pelas fotos.
Alguns donos de Lhamas também usam da seguinte técnica: Dizem para você dar o quanto quiser dar, mas quando você paga, e aqui não importa o valor, vão pedir mais e fazendo um drama a mais para te convencer.
E entenda que nada disso é errado ou ilegal, é uma forma de renda e se você puder, ajude. Para quem se incomoda com as insistências, uma dica é deixar dinheiros contadinhos em bolsos para quando você tirar para pagar, eles acreditarem que você não tem mais dinheiro do que já ofertou.
Além das lhamas Ch’aku, da foto anterior, também existem as Lhamas Q’ara (da foto abaixo).
ALPACAS
São de fácil domesticação, com pelagem mais longa, macia e mais baixas que as das lhamas. Criadas basicamente para fornecimento de lã e proteína. Sua carne é saudável, macia e facilmente encontrada nos restaurantes peruanos.
A maioria dos gorros e outros materiais que você vai encontrar nas feiras de artesanatos, são confeccionados com a lã da Alpaca, não se deixe enganar, é um material mais abundante e mais barato.
Além das alpacas Huacaya, da foto anterior, também existem as alpacas Suri, que é essa da foto abaixo.
O GUANACO ou HUANACO
Guanaco
Selvagens e territoriais, os guanacos ainda não foram domesticados. Estão sempre em bandos familiares nos altiplanos e na patagônia. Por ter uma carne dura, são aproveitados somente para lã, que, por sinal, sua qualidade e valor só perdem para as vicunhas. Muito rápidas, alcançam os 56 km/h, o que é importante para fugir dos seus predadores, como das onças (jaguar).
A pele do pescoço do Guanaco (assim a de seus parentes) é bem mais grossa, tanto que os bolivianos usam a pele de pescoço dos guanacos para fabricar sapatos (batendo e achatando a pele para formar solados resistentes).
VICUNHAS
São os menores camelídeos da família e possuem uma pelagem muito, mas muito fina mesmo (12μm), sendo considerada a melhor fibra natural existente neste planeta e, consequentemente, tem um altíssimo valor comercial.
Com o valor de sua lã extremamente alto, estes animais, embora selvagens, estão sendo melhores aproveitadas pelos criadores e com grande incentivo do governo, que criou até um campus universitário especializado para pesquisas de melhoria da criação e do produto.
A primeira aparada (ou tosa) acontece quando a vicunha ainda é novinha e a pelagem é bem mais fina, sendo por isso, a melhor, mais rara e mais cara de todas, a fibra extraída das pequenas vicunhas são conhecidas como Baby Vicunha.
A qualidade da lã é conhecida desde o império Inca, quando apenas os nobres possuíam a permissão para o uso de roupas confeccionadas com a fibra da vicunha, e já proibiam a caça desses valiosos animais. Após a colonização, a fama da vicunha se espalhou e ela começou a ser caçada indiscriminadamente, tendo sua população reduzida para algo estimado em apenas 6.000 tristes e solitárias vicunhas em 1974.
Atualmente a elevação da taxa populacional é de 8% ao ano, chegando recentemente a cerca de 350 mil vicunhas saltitantes e felizes em todo o Andes, mas, ainda assim, continuam na lista de animais em risco de extinção.
Agora pegue um animal cuja raça está populacionalmente reduzida, que produz a melhor lã do mundo, mas que só pode ser retirada a cada três anos (a média de produção anual de fibra, por vicunha, é de apenas 500g). A raridade e a qualidade tornam este animal extremamente valioso e seu produto desejado globalmente. A Kiton, uma alfaiataria italiana, produz apenas 100 peças com lã de vicunha por ano, uma roupa esporte custa a partir de 21 mil dólares! Um terno sob encomenda pode começar a ser feito por no mínimo 40 mil dólares! Um cachecol simples de uma outra empresa italiana, chamada Loro Piana, custa em torno de 4 mil dólares.
Tá achando caro? A Ermenegildo Zegna produz apenas 30 ternos por ano feito com fibra de vicunha, são tão exclusivas que chegam a ser numeradas e o modelo mais acessível não sai da loja por menos de 46.500 dólares! (fonte: The Wall Street Journal).
E aí? também sentiu-se pobre com seu moletom da Riachuelo?
É um animal tão importante que ele faz parte do emblema na bandeira do Peru!
Esses animais valem muita grana! Para você ter uma ideia da importância deles para a economia do Peru, vamos fazer uma trágica viagem imaginária: Suponha que você esteja dirigindo pelas estradas que cortam os Andes, sempre rodeadas de vales, lagos e montanhas, algumas delas nevadas e PÁ! Atropela e mata uma pobre vicunha que só queria atravessar a rodovia!
Acha que o prejuízo foi só do seu carro? Se o animal não for selvagem, ou seja, se tiver um criador, você ainda poderá ser processado e obrigado a pagar ao viúvo da vicunha todos os rendimentos que o enlutado poderia ter com sua vicunha por todo o tempo estimado de vida do animal. Ou seja, quando mais nova, maior o seu prejuízo, sobretudo se o animal sequer teve a primeira e mais valiosa tosa de todas.
E por ser um animal em risco de extinção, de quebra ainda pode ser multado pelo governo peruano. E nem adianta fugir para as montanhas, você já está nelas.
Fotos com a vicunha? Interessante, já que se trata de um animal símbolo, cobiçado, e que produz a melhor fibra do planeta. Mas tome bastante cuidado pois não muito arredias e não apreciam o contato humano.
QUER CONHECER MAIS SOBRE ESTES ANIMAIS?
Quando for a Cusco, você pode visitar nas proximidades uma fazenda ”museu”, que na verdade é um projeto social chamado AWANAKANCHA. Lá você pode conhecer todas as espécies de camelídeos dos Andes e, ainda, conhecer como são as técnicas originais de extração, tingimento e tecelagem, muitas delas como eram feitas no pré colombiano. De quebra ainda tem uma loja (claro) aonde você pode comprar seus acessórios feitos com as lãs da Alpaca e até de Vicunha!
Se interessou? Então se um dia fores a Cusco, tente fazer uma visita a eles. A loja possui muitas variedades de produtos de qualidade, todas produzidas por locais que são comissionados. O lugar é até simples, em uma hora você “mata” toda a visita (depende do tempo que passar na loja).
Awanakancha
Endereço: Km. 23 Carretera Cusco- Pisac
Telefones: 51 84 632990 / 51 84 203289
Celular:(084) 994114095/(084) 955104145
info@awanakancha.com